13 de abril de 2008

Contos (05)
QUATRO EPÍLOGOS

Por Rita Maria Felix da Silva

Quando os novos senhores desta galáxia ergueram-se, esmagaram a humanidade e tomaram-lhe o domínio sobre incontáveis mundos, Catarina foi a única que eles pouparam, o último ser humano, e exilaram-na para vagar sozinha pelas ruínas da Terra. Assim foi por muito tempo.

Um dia, porém, Lottar Gan Amon, o caçador, veio do céu cumprir a nova decisão de seus mestres. Lacônico, contou a Catarina o que iria fazer. Ela o recebeu com resignação e silêncio. Ele disparou e o micro-projétil a fez cair em eterna animação suspensa. Eternamente em coma. Todos os processos biológicos paralisados, mas não extintos. Agora não mais poderia envelhecer ou morrer.

Olhando para o corpo caído, Lottar lembrou do que lhe haviam contado certa vez. Por um instante, esforçou-se. Parecia haver algo que precisava ser dito ou sentido, como se aquele momento tivesse um significado maior, que escapava a sua compreensão. Contudo, isso logo passou. O caçador voltou à nave e partiu. Sabia que os Mestres haviam usado genes humanos para criar a espécie da qual ele fazia parte. Mas, isto não o importava. Fizeram-no para obedecer, caçar e matar coisas: a única razão para sua existência – e isto lhe bastava.

Pelos monitores, observou a Terra se afastar rapidamente. Sem saber por que, recordou-se de Luat-jei, uma rebelde, no mundo catalogado como DNB/ZL-1.21.9.14. Ela alegava amá-lo e, antes que ele a executasse, a jovem disse:

“Seu coração pode ser tão profundo quando o espaço cósmico, porém, ao contrário deste, é vazio.”

FIM

Um comentário:

Anônimo disse...

E ae galera? firmeza?
O blog tá massa, mas tem noticias de new universal?
Valeu!